Bernardo Uglione Vídeo Youtube (Foto: Reprodução) 
Depoimento de assistente social foi usado para
prender suspeitos (Foto: Reprodução)

Constituído nesta terça-feira (22) para assumir a defesa da assistente social Edelvania Wirganovicz, o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia nega que a cliente tenha assumido participação no assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, como divulgou a Polícia Civil em Três Passos, Noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo ele, Edelvania sofreu "pressão psicológica" ao confessar ter auxiliado na ocultação do cadáver, mas desmente a versão apresentada pelas autoridades policiais. Além disso, o defensor questiona a legalidade do depoimento, alegando a ausência de um advogado.

O menino foi encontrado morto no dia 14 deste mês em um matagal de Frederico Westphalen, cidade a cerca de 80 km de Três Passos. Ele estava desaparecido desde o dia 4 de abril. Segundo a Polícia Civil, além Edelvania, são suspeitos do crime o médico Leandro Boldrini, pai do garoto, e a madrasta Graciele.

De acordo com declarações da delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação no caso, foi Edelvania quem revelou a localização do corpo à polícia. No depoimento, ela afirmou que o menino foi atraído para Frederico Westphalen, no Norte do estado, sob pretexto de ganhar uma televisão. Após dar remédios a Bernardo, a madrasta teria aplicado uma injeção na veia do braço esquerdo do menino e depois jogou soda no corpo, com o objetivo de acelerar a decomposição. Ainda de acordo com o interrogatório, as duas enterraram o menino sem saber se ele estava morto.
Delegada investiga caso da morte do menino Bernardo no RS (Foto: Caetanno Freitas/G1) 
Delegada garante que, em depoimento, houve
confissão de homicídio (Foto: Caetanno Freitas/G1)
O advogado de Edelvania, porém, alega que, em conversa com a cliente nesta terça, na casa prisional onde ela está detida, ouviu uma versão distinta. “As coisas que ela me relata são diferentes. Mostrei a ela o conteúdo do depoimento e ela diz que não confirma tudo aquilo. É uma versão matemática usada pela polícia que ela jamais teria dito. Não quero entrar no mérito, não coloco em dúvida a autoridade policial. Mas ela só assume a ocultação do cadáver, ela não matou”, disse Grapiglia ao G1.

Segundo o defensor da suspeita, a cliente ficou "revoltada" ao saber o conteúdo do depoimento divulgado pela polícia. "Ela está revoltada com o fato de as pessoas a transformarem em um monstro. Ela foi enrolada e pressionada a participar da ocultação. É natural que reaja assim", afirmou.

O advogado ainda negou que dinheiro tenha sido oferecido a ela pela madrasta do garoto, como diz a polícia, mas não quis apontar os motivos para a participação dela na ocultação. "Tudo isso será informado ao juiz, ela vai se reservar a esse direito. Muito embora ela confirme, não estou autorizado a dar detalhes sobre como isso ocorreu. Não há dinheiro, pois a Edelvania estava saudável financeiramente. A defesa dela está sendo paga com recursos próprios. E ela não estava desesperada por dinheiro, como prega a polícia", assegurou Grapiglia.

Questionado se a assistente social teria repassado a informação à polícia de que a madrasta matou o menino, o advogado voltou a evitar detalhes, mas adiantou: "Isso é bem lógico. Mas ela também não quer entrar nesse mérito."
Graciele Leandro Boldrini casal com filho desaparecimento Bernardo Três Passos RS (Foto: Reprodução/Facebook) 
Casal mantinha página conjunta em rede social
(Foto: Reprodução/Facebook)

Endenda
Bernardo havia sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

"O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

O pai registrou o desaparecimento do menino no domingo (6), e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado em Frederico Westphalen. De acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um. O advogado do pai disse que ele é inocente.

fonte:g1.com