Publicitários
dizem que é gostosa e confiável, mas a PF diz que pode ser podre.
A Operação Carne Fraca
é a maior da história da Polícia Federal, informou a instituição na manhã desta
sexta-feira (17/03). Após dois anos de investigação, a PF constatou que fiscais
do Ministério da Agricultura atuam para “facilitar a produção de alimentos
adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização
efetiva”. Tudo, claro, movido a propina.
Empresários do agronegócio estão entre os alvos dos 309 mandados
judiciais. Os números são superlativos: 27 prisões preventivas, 11 prisões
temporárias, 77 conduções coercitivas. Os 194 mandados de busca e apreensão,
segundo a PF, foram feitos em residências e em empresas “supostamente ligadas
ao grupo criminoso”.
Segundo o G1, a BRF – a união entre Sadia e Perdigão – e a JBS estão entre as empresas
envolvidas. O Estadão informa
que executivos da JBS (o maior financiador de campanhas eleitorais em 2014)
foram presos. A Folha menciona
também a marca Seara. “A investigação revelou até
mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, e a re-embalagem
de produtos vencidos por alguns frigoríficos”, relata o jornal.
A Folha informa ainda que entre os presos estão executivos da
BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e
governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste. A lista
inclui funcionários da Seara e do frigorífico Peccin, “um dos que tinha
irregularidades gravíssimas, como uso de carnes podres”.
Segundo a Folha, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, ligou
para aquele que a Polícia Federal considera o líder da organização criminosa,
Daniel Gonçalves Filho, para obter informações sobre a fiscalização de um
frigorífico. Serraglio era deputado federal (PMDB-PR); Gonçalves,
superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016. O
atual ministro se referia a ele como “grande chefe”.
DE GOIÁS AO RIO GRANDE DO SUL
Os crimes foram investigados pelas superintendências do Paraná,
Minas Gerais e Goiás. A operação que mobilizou 1.100 policiais foi deflagrada
em sete Unidades da Federação (SP, DF, SC e RS, além dos três mencionados) pela
14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba – desta vez não foi a 13ª Vara,
conhecida pela atuação do juiz Sérgio Moro.
A Polícia Federal informa que, entre as ilegalidades, estava a
remoção de agentes públicos, com desvio de finalidade “para atender interesses
dos grupos empresariais”. “Tal conduta permitia a continuidade delitiva de
frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à
legislação vigente”.
Segundo a
PF, o nome Carne Fraca – motivado pela expressão popular – está em sintonia com
a “qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos
corporativos do ramo alimentício” e com a “fragilidade moral de agentes
públicos federais”. (Do Outras Palavras)
fonte:Carta Campinas
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