O
senador potiguar José Agripino Maia (DEM) teria recebido R$ 1 milhão a pedido
do também senador Aécio Neves (PMDB) em 2014. A denúncia foi feita durante
delação premiada de Marcelo Odebrecht ao Ministério Público Federal, que também
contou que o, então, candidato à presidência da República teria recebido uma
promessa sua de receber R$ 15 milhões. Aécio, contudo, não estaria interessado
totalmente no montante, e pediu que Odebrecht enviasse parte do dinheiro a
outras candidaturas vinculadas ao grupo político do tucano – dentre essas
repartições estaria, justamente, a contribuição eleitoral de R$ 1 milhão a
Agripino.
Em
manifestação ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República
Rodrigo Janot declarou a existência de “divergência” sobre o pagamento de R$ 15
milhões.
“Enquanto
Marcelo Bahia Odebrecht e Cláudio Melo Filho afirmam terem sido efetuados
pagamentos, a pedido de Aécio Neves, destinados ao senador José Agripino, os
colaboradores Benedicto Júnior e Sérgio Neves asseguram que nenhum dos valores
de R$ 15 milhões ajustados entre Aécio Neves e Marcelo Bahia Odebrecht acabaram
sendo pagos”, disse o procurador-geral da República.
José
Agripino respondeu às acusações lembrando que não havia sido candidato em 2014.
O senador potiguar disse desconhecer o teor das menções que lhe foram
atribuídas, colocando-se “à disposição da Justiça para colaborar com as
investigações que se venham a requerer”.
Em
depoimento, Sérgio Neves, delator da Odebrecht, disse que Fernando Migliaccio,
do departamento de propinas da empresa, lhe explicou que não seria possível
disponibilizar imediatamente os R$ 15 milhões prometidos a Aécio. A delação
premiada relata que Migliaccio havia se comprometido, ao invés disso, a
disponibilizar mensalmente – a partir de outubro até 20 de dezembro daquele ano
– a quantia de R$ 1 milhão.
Sérgio
Neves disse ainda ter contatado e se reunido no prédio da Companhia de
Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) com o empresário Oswaldo
Borges da Costa entre 18 a 22 de setembro de 2014 para fechar os pagamentos da
maneira proposta por Migliaccio.
Origem
do dinheiro
Sérgio Neves declarou que no dia 15 de janeiro de 2014 foi firmado com a
empresa PVR Propaganda e Marketing contrato de prestação de serviço no valor de
R$ 3 milhões com pagamentos a serem realizados em duas parcelas de R$ 1,5
milhão nos dias 15 de maio e 15 de junho 2014. O delator,todavia,
“assegurou” que nenhum serviço foi prestado pela empresa de Paulo Vasconcelos
do Rosário ao Grupo Odebrecht. Sérgio explicou que o marqueteiro de Aécio Neves
lhe fez “várias cobranças” para pagar a quantia restante de R$ 3 milhões,
supostamente ajustada com Aécio Neves, mas que o valor não foi pago.
Janot,
consequentemente, disse que “não há exata correlação entre os fatos
relacionados aos pagamentos de R$ 3 milhões realizados através contrato
fictício, à promessa de pagamento de R$ 15 milhões feita pelo Grupo Odebrecht,
os pagamentos efetivados de R$ 500 mil mensais e de R$ 5 milhões, mediante
doação oficial”. “Portanto, faz-se necessária a abertura de investigação para
que se apure o montante total repassado e as circunstâncias em relação às
solicitações. O certo é que os elementos apresentados são suficientes para
autorizar sejam os fatos investigados.”
por Boni neto
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