Em janeiro, 26 presos foram assassinados em Alcaçuz; este é o número oficial de mortos até o momento (Foto: Divulgação/PM)
Uma equipe médica do Instituto Técnico-Científico
de Perícia (Itep) recolheu na manhã desta quinta-feira (11) parte de uma ossada
descoberta próximo ao pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz. A unidade
fica em Nísia Floresta, na Grande Natal. Ainda não há a confirmação se os
restos mortais são humanos.
Maior presídio do Rio Grande
do Norte, Alcaçuz foi palco de um massacre em janeiro, quando 26 detentos foram
brutalmente assassinados durante um confronto envolvendo duas facções
criminosas rivais. Este é o número oficial de mortos confirmados pelo Estado.
Diretor-geral do Itep, Marcos
Brandão ressaltou que, “se os ossos forem mesmo de uma pessoa, é o perito quem
vai precisar quando a vítima foi morta e o que causou a morte dela”. Ainda de
acordo com Brandão, a perícia também poderá atestar se os ossos encontrados –
uma vez confirmados se são mesmo humanos – fazem parte de algum dos 26 corpos
recolhidos em janeiro ou se estes restos mortais são de uma nova vítima da
matança.
Matança em Alcaçuz foi resultado de um confronto entre facções rivais (Foto: Andressa Anholete/AFP)
Massacres
O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em
presídios este ano. Na virada do ano, 56 presos foram mortos no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
Outros oito detentos foram
mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara
(UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal.
No dia 6, outros 33 detentos foram assassinados na
Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.
Em Alcaçuz, a matança
aconteceu no dia 14 de janeiro. O episódio ficou conhecido como o 'Massacre de Alcaçuz' – o mais violento da história
do sistema prisional potiguar. O governador Robinson Faria classificou o
massacre como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos
supostamente filiados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram mortos por
integrantes de uma outra facção.
No Rio Grande do Norte, os 26
detentos mortos foram identificados como membros do chamado 'Sindicato do Crime
do RN', formado por remanescentes do PCC. Inimigas, as facções disputam o
controle do tráfico de drogas no estado.
Corpos sem identificação
Quase quatro meses após o massacre em Alcaçuz, 4
dos 26 corpos recolhidos pelo Itep ainda não foram identificados.
Destes, três estão carbonizados. O quarto cadáver, não identificado pela falta
de familiares para o devido reconhecimento, foi enterrado como indigente após
ter o material genético recolhido.
Ao todo, segundo o próprio
Itep, 12 cabeças e outros membros ainda aguardam exames de DNA. Sem a devida
comprovação genética, as partes não podem ser entregues para sepultamento.
Marcos Brandão explica que a
demora na realização dos exames se deve pela falta de um laboratório de DNA. “A
gente utiliza o laboratório da Bahia para os exames de DNA, porque a Bahia tem
a maior estrutura laboratorial do Nordeste”, disse.
O diretor-geral do Itep disse
ainda que o envio das amostras de DNA para análise estava programado para o
início deste mês, mas será adiado por causa de dificuldades de encaixe na
agenda do IML da Bahia. “Houve algumas demandas administrativas deles, então
não pudemos ir para lá esse mês. Provavelmente as equipes vão em junho”,
ressaltou.
Ainda segundo Brandão, as
amostras devem levar cerca de 20 dias para ser analisadas quando chegarem ao
laboratório.
Um laboratório que faça
exames de DNA deve ser construído em breve no Rio Grande do Norte. "Já há
um projeto para a construção da estrutura, e o edital de licitação será
publicado no dia 15. Os recursos estão totalmente assegurados, vão ser recursos
próprios do Itep, que a gente já empenhou, ou seja, não vai haver problema de
pagamento”, afirmou.
Os 22 corpos liberados para
enterro foram identificados através de exames de papiloscopia, que é comparação
das impressões digitais. As tatuagens das vítimas também ajudaram em algumas
identificações.
fonte:g1rn
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