O presidente Michel Temer apelou ao
governador do Estado, Geraldo Alckmin, e ao prefeito de São Paulo, João Doria,
para que eles trabalhem no sentido de esvaziar o caráter deliberativo da
reunião da Executiva ampliada do PSDB marcada para esta segunda-feira, 12, e
que pode definir a saída dos tucanos da base aliada ao Palácio do Planalto.
Após a vitória de Temer no julgamento no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) na sexta-feira, o presidente, por meio de aliados e ministros
do PSDB, pediu a Doria e a Alckmin que deem mais tempo a ele para reorganizar
sua base e mostrar que o governo ainda tem força para aprovar as reformas
defendidas pelo prefeito e pelo governador, principalmente a da Previdência.
Dentro do próprio PSDB é dado como certo que Temer não conseguirá fazer as
reformas sem o apoio dos tucanos.
O medo de Temer é de que a saída do PSDB do governo crie um
“efeito manada”, na expressão de um senador do PMDB próximo a Temer, às
vésperas de a Câmara dos Deputados analisar uma eventual denúncia do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ou seja, a
saída dos tucanos pode motivar outros partidos a seguir o mesmo caminho.
Na avaliação do Planalto, se os dois tucanos paulistas trabalharem
para esvaziar a reunião desta segunda ou para cabalar votos pela
permanência do PSDB na base, a vitória de Temer estará garantida na Executiva,
que tem 17 membros, caso haja uma votação deliberativa.
Rumo a 2018. Para auxiliares de Temer, as pretensões
eleitorais de Alckmin e Doria favorecem um entendimento deles com o Planalto
neste momento. A dupla também receia que a saída do PSDB da base governista
leve o partido automaticamente para a oposição, o que favoreceria o PT e
deixaria o governador numa posição de isolamento político para 2018. A ambos
ainda interessaria manter Temer no cargo, ainda que com baixa popularidade, até
2018, quando um dos dois poderá ser o candidato a presidente.
No PSDB, a compreensão é de que a substituição de Temer, via
eleição indireta no Congresso, poderia abrir caminho para Rodrigo Maia (DEM-RJ)
ser candidato e permanecer no cargo de presidente, o que elevaria o cacife
eleitoral do partido dele para 2018 e dificultaria um entendimento com os
tucanos.
Até a noite deste domingo, 11, Doria e Alckmin trabalhavam
fortemente pelas pretensões de Temer dentro do PSDB. Porém, ambos não querem
tomar o carimbo de “fiador” de um presidente prestes a ser denunciado no
Supremo Tribunal Federal. Por isso, a dupla aceita dar mais um crédito a Temer,
mas com prazo de validade definido e sujeito a uma mudança de rumos, na
dependência de eventuais “fatos novos” e decisões da Justiça.
Neste domingo, Alckmin manteve seu discurso: “O importante é que o
PSDB vai apoiar as reformas. Se vai preservar os ministérios, não importa”. O
Planalto já tem apoios do grupo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na Executiva,
além dos quatro ministros tucanos – Aloysio Nunes Ferreira (Relações
Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo)
e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Os governistas esperam aprovar neste mês a reforma trabalhista no
Senado, enquanto reorganizam as forças na Câmara. O Planalto receia que uma
decisão desfavorável a Temer no PSDB, somada à repercussão da reportagem da
revista Veja de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou o
ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, desmobilize o
Congresso.
Crise de identidade. A reunião desta segunda ocorre num momento
difícil na história do PSDB, fundado em 1988. Um tucano experiente lembrou uma
frase do Manifesto ao Povo Brasileiro, feito pela sigla no ano da fundação:
“Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo
partido”. Para ele, este é o momento de o partido decidir de qual desses lados
quer chegar até o ano que vem.
Nesta segunda, o partido deve adiar mais uma vez a decisão. “A
ideia é não tomar uma decisão. É muito curto o tempo entre a decisão do TSE e a
reunião”, disse o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres
(SP).
fonte:agencia estado
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