O porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, virou o novo alvo da "frigideira" de Carlos Bolsonaro, o filho "02" de Jair Bolsonaro. O vereador já conseguiu "fritar" dois ministros palacianos em sete meses de governo: Gustavo Bebianno e Santos Cruz, este último general do Exército. O desgaste de Rêgo Barros se acentuou após o desastroso café da manhã com jornalistas estrangeiros, na última sexta-feira (19).

Carlos culpa o general pelos problemas na comunicação de Bolsonaro que, segundo ele, expõe o pai desnecessariamente. Desta vez, as críticas contaram com a ajuda do deputado pastor Marcos Feliciano (Pode–SP), vice-líder do governo no Congresso, que chegou a chamar Rêgo Barros de "mal intencionado e incompetente".

Militares próximos ao presidente se mobilizaram durante o fim de semana para defender o porta-voz. Alguns viram nos ataques nas redes sociais uma tentativa de atingir também o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que também sofreu críticas recentes do filho de Bolsonaro.
A mais recente disputa territorial no Planalto envolve muito mais do que o cargo do porta-voz e os cafés da manhã com a imprensa que ele vem organizando. Aparentando sempre a paciência e a calma de um monge budista, Rêgo Barros tem mantido um bom relacionamento com os jornalistas desde que chegou ao cargo pelas mãos de Augusto Heleno, e do ex-comandante do Exército, Villas Bôas, de quem foi chefe da Comunicação Social.
Atualmente assessor especial do GSI, Villas Bôas se tornou um dos principais defensores do ex-subordinado nessa crise. E isso não apenas pelo enorme apreço e amizade que existe entre ambos, mas também porque o ex-comandante, hoje uma das vozes mais importantes no Exército, discorda e combate a forma de agir de Carlos. O general vê nos ataques muito mais do que um desrespeito aos colegas de farda, mas uma afronta à instituição que comandou. “Consideramos um absurdo que esses ataques se perpetuem e atinjam agora o porta-voz”, observou um influente militar do Planalto.

Em jogo, o controle da Secretaria de Comunicação

Ao atacar Rêgo Barros, Carlos Bolsonaro retoma os motivos que, de certa forma, o levaram a "fritar" o então ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz: o poder sobre a estrutura de comunicação social do Palácio do Planalto. Desde a posse do presidente, nunca se conseguiu chegar a um consenso sobre como deveria funcionar a Secretaria de Comunicação (Secom), um dos mais importantes instrumentos do governo no relacionamento com a população.
O presidente Jair Bolsonaro nunca quis manter o comando da Secretaria com terceiros – exceto foi quando pensou em nomear Carlos ministro da área – e muito menos seguir os moldes implementados no governos petistas, em que havia um ministro que chefiava a Secom e detinha o poder de decisão sobre a fabulosa verba da publicidade oficial.
Nesse sistema, o titular do ministério era o responsável pela secretaria que, abaixo dele, se dividia em uma área de imprensa propriamente dita (atendendo a mídia regional, nacional e estrangeira), a publicidade e um porta-voz que, diariamente, fazia os briefings (comunicados) com a posição oficial do presidente da República.
Bolsonaro optou por um esquema que subordinou toda a Secom à Secretaria de Governo. Não funcionou com Santos Cruz e o novo titular da pasta, o general Luiz Eduardo Ramos Pereira, cauteloso, ainda estuda como administrará a área. Em princípio, ele vem tentando manter a estrutura e é o responsável pelas verbas de publicidade que, para este ano, passam do R$ 200 milhões.
Entretanto, uma Secom em que o porta-voz tem autonomia e não se subordina ao secretário, neste caso Fábio Wajngarten, nunca existiu. “O porta-voz, do jeito que está, é uma entidade que só tem ligação com o presidente Bolsonaro”, explica um assessor do Planalto.

Por que cafés da manhã viraram motivo de polêmica

A situação ficou dessa forma porque Rêgo Barros chegou ao cargo muito antes do que Wajngarten. Nesse vácuo, coube a ele, portanto, formular estratégias de comunicação – uma função que seria do secretário – e tentar aproximar o presidente da imprensa.
Foram criados os cafés da manhã, encontros semanais com jornalistas escolhidos por ele e por Augusto Heleno que, dessa forma, tinham oportunidade de se aproximar de Bolsonaro e estabelecer algum relacionamento. Além disso, a relação entre Rêgo Barros e Wajngarten está longe de ser harmoniosa porque um integra a ala militar e o outro representa a família e a ala ideológica do governo.

fonte:Gazeta do povo
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