Flavio Dino, governador do Maranhão Os governadores de ao menos quatro estados já se organizam para enviar forças de segurança ao Cea...
Flavio Dino, governador do Maranhão
Os governadores de ao menos quatro estados já se organizam para enviar
forças de segurança ao Ceará caso o presidente Jair Bolsonaro não renove o
decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que possibilitou a presença do
Exército e da Força Nacional no estado.
De
acordo com o governador Flávio Dino (PCdoB-MA), do Maranhão, os governadores do
Rio de Janeiro, da Bahia, do Piauí e ele próprio acertaram o envio de tropas ao
estado. "Há um movimento para cooperar", afirma ele.
Nesta
quinta-feira (27), Bolsonaro sinalizou que pode não atender ao pedido do
governador cearense, Camilo Santana (PT-CE), de que a operação seja renovada —a
previsão inicial é que dure até esta sexta (28). "A GLO não é para ficar
eternamente atendendo um ou mais governadores. GLO é uma questão
emergencial", disse o presidente em live nas redes sociais.
A
situação no Ceará é dramática. Desde o início do movimento dos policiais
militares do estado, que é ilegal, os assassinatos explodiram: saltaram de 5,
um dia antes do motim, para 37 no dia 21, auge da paralisação. Apenas nesta
quinta, foram registradas 18 mortes.
Quartéis
foram tomados e pneus de viaturas, esvaziados. No momento mais dramático, o
senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado ao tentar derrubar com uma
escavadeira a grade de um batalhão amotinado.
A
presença das Forças Armadas e da Força Nacional deu fôlego para que o governo
estadual começasse a negociar com os grevistas. A fala de Bolsonaro, no
entanto, travou os diálogos. De acordo com um integrante da comissão de
negociação, os policiais se sentiram fortalecidos e redobraram as exigências.
Dino
afirma que Bolsonaro tem obrigação de renovar a GLO. "A Constituição diz
que as polícias militares são auxiliares das Forças Armadas. Se elas falham, as
Forças Armadas têm a obrigação de intervir. O presidente é obrigado a garantir
a ordem pública. Ele não está fazendo nenhum favor", diz o governador.
Ele
observa ainda que, além do Exército, também a Força Nacional faz parte da
operação. "E ela é formada por policiais dos estados. O governo federal
não tem um homem lá", diz ele, lembrando que o Ministério da Justiça tem o
papel apenas de coordená-los.
"É
um paradoxo, portanto, que na hora em que um estado precise, não possa contar
com ela. O governo federal estará rompendo unilateralmente a cooperação que
sustenta a própria Força Nacional", finaliza Dino.
Bolsonaro
deve se reunir ainda nesta sexta com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo,
com o ministro Sergio Moro, da Justiça, com o general Luiz Ramos, da
Secretaria-Geral, e com o general Augusto Heleno, do GSI (Gabinete de Segurança
Institucional) para decidir se renova ou não a GLO.
Mônica Bergamo/FolhaPressSNG
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