Na chegada ao Atheneu, Rosalba Ciarlini foi recebida com protesto e tentou ouvir reclamações dos estudantes. Após tumulto, ordem de se...
Na chegada ao Atheneu, Rosalba Ciarlini foi recebida com protesto
e tentou ouvir reclamações dos estudantes. Após tumulto, ordem de serviço foi assinada pela governadora e pela secretária Betânia Ramalho. Foto: Wellington Rocha
e tentou ouvir reclamações dos estudantes. Após tumulto, ordem de serviço foi assinada pela governadora e pela secretária Betânia Ramalho. Foto: Wellington Rocha
Para os alunos do Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense, os
problemas da unidade de ensino não estão restritos apenas ao prédio em
si – que nunca sofreu uma intervenção em sua estrutura original desde
que se firmou na rua Campos Sales, em Petrópolis, em março de 1954. Um
dos maiores símbolos da educação do Estado sofre atualmente, segundo os
próprios estudantes, por falta de professores e estrutura material para o
condicionamento das aulas.
Na manhã de hoje, quando a governadora Rosalba Ciarlini chegou ao
Atheneu para assinar a ordem de serviço que garantirá a reestruturação
física da escola, os estudantes repreenderam-na e lançaram críticas ao
abandono da unidade por parte do poder público. Enquanto ia cumprimentar
os alunos, esses vaiaram, cruzaram os braços e se colocaram de costas
para a governadora em sinal de protesto. “Eu sou governadora há dois
anos e dez meses. Não posso ser responsabilizada pelas gestões
passadas”, afirmou Rosalba, ao ser questionada sobre o atraso para a
recuperação do espaço.
O estudante Lenon Oliveira, 17, um dos que deram as costas para
Rosalba Cirlini em frente à escola, pontuou sobre a má qualidade do
ensino recebido. “A educação que a gente está recebendo não abre a nossa
mente”, disse à governadora. “Aqui falta tudo, desde professor à
infraestrutura. Nós temos um laboratório de informática com todos os
computadores, mas não podemos usar por falta de internet. Roubaram os
cabos e ainda não recolocaram outros”, disse o jovem.
Após o encontro “descontente” com os alunos antes de entrar no
Atheneu, Rosalba Ciarlini garantiu que, após a solenidade, iria escutar
os estudantes para solucionar os problemas. “Nós estamos reivindicando a
educação de má qualidade e a falta de compromisso por parte das
autoridades. A estrutura dessa escola já deveria ter sido recuperada há
muito tempo. Talvez eu consiga alcançar a nova fase do Atheneu, mas
muitos alunos saíram daqui recebendo esse tipo de atenção, faltando
tudo”, destacou Lenon.
Investimento de aproximadamente R$ 2 milhões
As obras de recuperação do Atheneu, com data de início nesta
segunda-feira (25), incluirão a reforma completa da estrutura, contando
com renovação da rede elétrica, do sistema de incêndio e da tubulação
hidrosanitária, que ainda é de ferro e será substituída por tubos de
PVC.
Também está incluída a adaptação de acessibilidade, reforma do
ginásio de esportes e a construção, no pátio interno, de um recreio
coberto, com cozinha e área para refeitório.
A reforma e ampliação do Atheneu está orçada em R$ 1.841.326,79, sob
responsabilidade da empresa MAR Construções LTDA, que terá o prazo de
180 dias para conclusão. O engenheiro responsável pela obra, Marcos
Antônio Ribeiro, informou que o tempo é suficiente para fazer todas as
adaptações, sem ser necessário retirar os alunos da escola.
Tombado como patrimônio histórico-cultural do Rio Grande do Norte, o
prédio não pode sofrer modificações em seu projeto arquitetônico. As
mudanças previstas contemplarão melhorias para reavivar o projeto
original da escola. “Será uma reforma geral, incluindo todas as
reivindicações ouvidas dos alunos, corpo docente e Secretaria de
Educação. O Atheneu é o símbolo da Educação do Ensino Médio público no
RN e, quando reformado, se unirá à Biblioteca Câmara Cascudo, formando
um grande complexo educacional”, afirmou Rosalba Ciarlini.
“Nós queremos resgatar a importância que essa escola teve nas últimas
décadas, reforçando sempre que é necessário o sistema pedagógico.
Sabemos da importância da reforma do prédio, mas a parte pedagógica é
fundamental e não esqueceremos disso”, disse a governadora. “Meu pai e
grandes nomes do Estado passaram por essa escola, que sempre teve boas
referências. Fui questionada lá fora por estudantes que reclamaram a
falta de compromisso e eu disse: antes tarde do que nunca. Que bom que
apareceu quem fizesse algo pelo Atheneu”, disse, emocionada.
A secretária de Educação, Betânia Ramalho, reforçou que a extensão da
escola permitirá que todos os alunos permaneçam em aula normalmente
durante o período de intervenção para a obra. “Há como conciliar as
aulas com as obras, pois o projeto foi todo criado nesse sentido”,
afirmou.
Sobre os questionamentos da falta de investimentos no sistema
pedagógico, a secretária foi dura e acusou que as reclamações partiram
dos “maus alunos”. “Quando chegamos, em 2011, estava muito pior. Os
alunos têm que saber a quem questionar. Porém, temos aqui no Atheneu um
grupo de estudantes muito partidarizados, que são péssimos alunos. Aqui
formou-se grandes cabeças, por isso temos sempre que ficar atentos de
quem parte os comentários”, declarou.
“Temos que saber diferenciar o aluno que é comprometido e aquele
partidarizado, que vem à escola com outra função. Aluno que reivindica
tem que ser aluno com boas notas. Esses aí são maus alunos”, completou
Betânia Ramalho, visivelmente transtornada.,
fonte:jornal de hoje
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