Nelson Mandela foi presidente da África do Sul (Moacyr Lopes Junio/Folhapress) Sua última aparição ocorreu em abril, qua...
Nelson Mandela foi presidente da África do Sul (Moacyr Lopes Junio/Folhapress)
Sua última aparição ocorreu em abril, quando ele recebeu um grupo de
políticos encabeçado pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma. As cenas
transmitidas pela TV estatal, em que aparece distante e alheio ao que se
passa a seu redor, causaram comoção no país.
Esta era sua quarta internação desde dezembro de 2012, quando começou
a enfrentar uma crise respiratória. Do lado de fora do hospital, uma
multidão de jornalistas e admiradores mantinha vigília permanente desde o
agravamento do seu estado de saúde.
Respeitado internacionalmente pelos gestos de reconciliação, Mandela
passou 27 anos preso por se opor ao sistema segregacionista branco. Após
intensa pressão internacional, foi libertado em 1990. Saiu da prisão
para negociar com a minoria branca o fim do regime e de lá para ser
presidente eleito sob uma nova Constituição.
xuadoagreste@hotmail.com
Em seu governo, adotou como prioridade o discurso de unidade nacional
e desencorajou atos de vingança e violência. Analistas apontam que, em
razão disso, não conseguiu dar atenção suficiente a programas sociais, à
geração de empregos e à epidemia de Aids, que se alastrou durante seu
governo.
Em 1999, declinou da possibilidade de concorrer a um novo mandato
para se dedicar a causas sociais e a ser uma espécie de consciência
moral da nação. Pouco a pouco, no entanto, foi reduzindo sua
visibilidade à medida em que a idade avançava.
Ainda não está claro quando e onde será o enterro. Há duas
possibilidades: na vila onde nasceu, Mvezo, ou na pequena localidade em
que passou a infância, Qunu. Ambas ficam na na província de Cabo
Oriental, na costa do oceano Atlântico.
Trajetória
O sul-africano nasceu na vila de Qunu (Transkei), em 18 de julho de
1918. Filho de Henry Gadla, chefe da tribo Thembu da etnia xhosa, sua
vocação para a liderança é atribuída à formação familiar, já que ele foi
criado para seguir os passos do pai.
Ao contrário do que previa a tradição, decidiu estudar. Abandonou sua
província e foi viver em Alexandra, bairro negro no subúrbio de
Johannesburgo.
Casou-se com Evelyn Mandela em 1944, com quem teve dois filhos e duas filhas.
Casou-se com Evelyn Mandela em 1944, com quem teve dois filhos e duas filhas.
Formou-se advogado pela Universidade de Witwaterrand em 1952 e montou
um escritório de advocacia para negros. É nesta época que entra para o
Congresso Nacional Africano -movimento nacionalista de luta contra o
apartheid.
Em 1960, aumenta a repressão contra o CNA, que nos últimos anos vira
crescer sua importância política. O movimento liderava greves e
manifestações de desobediência civil. Naquele ano, Mandela consegue
autorização do líder do movimento, Albert Luthuli, para montar o que
seria o braço armado do CNA, o Umkhonto we Sizwe (“Lança da Nação”).
Ainda em 60, o CNA seria banido e passaria à clandestinidade.
Apesar de ter autorizado a criação do grupo, Luthuli, prêmio Nobel da
Paz de 1960 e presidente do CNA de 1952 a 1967, nunca defendeu o uso
das armas.
Mandela acreditava na luta armada e dizia lutar pela liberdade dos
negros sul-africanos. Dentro do movimento, era acusado de ter atitudes
contraditórias. Costumava se reunir com seus amigos brancos e asiáticos.
Ele dizia: “Não sou inimigo dos brancos, mas de suas leis injustas”.
Prisão perpétua
Mandela foi preso em 5 de agosto de 1962 e condenado à prisão
perpétua por sabotagem contra o governo, em 12 de junho de 1964. Quando
foi preso, em 1962, Mandela estava casado pela segunda vez com a
militante Winnie Madikizela, que conheceu nas reuniões do CNA, em 1956,
quando ainda vivia com Evelyn. Casaram-se em 1958 e tiveram duas filhas.
Incomunicável durante 27 anos, Mandela deve a Winnie o início do
movimento de luta por sua libertação. Não assistiu ao processo de
mitificação de seu nome. Winnie Mandela sofreu inúmeras represálias. Foi
presa e ameaçada, além de processada por envolvimento em atos
radicais. No final da década de 80, Nelson Mandela era o preso político
mais famoso do mundo.
Fim do apartheid
O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)
exigia, por meio de sanções econômicas, o fim do apartheid. A sociedade
branca sul-africana parecia cansada do banimento imposto pela comunidade
internacional.
Em 14 de setembro de 1989, assume a Presidência Frederik W. de Klerk.
Herdeiro de fundadores do Partido Nacional, ele inicia reformas no
regime político. No dia 2 de fevereiro de 1990, legaliza o CNA e, no dia
11, anuncia a libertação de Mandela.
Livre, ele inicia negociações por reformas políticas. Separa-se de
Winnie em abril de 1992, após 33 anos de casamento. Recebeu o prêmio
Nobel da Paz, juntamente com o presidente Frederik de Klerk, no dia 15
de outubro de 1993.
Em maio de 1994, ele tornou-se o primeiro presidente negro na
história da África do Sul, encerrando o mandato em 1999, sem tentar uma
reeleição, como já havia se comprometido ainda antes de tomar posse. Em
2004, ele anunciou que se retirava da vida pública.
Em 2009, as Nações Unidas declararam o dia 18 de julho como o Dia
Internacional de Mandela, em que organizações e indivíduos são
encorajados a tomar parte em ações humanitárias.
xuadoagreste@hotmail.com
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