RIO - O Grêmio está fora da Copa do Brasil. O Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) decidiu nesta quarta-feira excluir o clube
gaúcho da competição por conta das ofensas raciais de parte de sua
torcida ao goleiro Aranha, do Santos, na partida da última quarta-feira,
na Arena, em Porto Alegre. De forma unânime, os auditores do STJD já
acompanharam o voto do relator Francisco Pessanha, que pediu a exclusão
do Grêmio e multa de R$ 50 mil.
A Procuradoria usou termos como 'repugnantes', 'nefastas' e
'ultrajantes' para definir as injúrias raciais contra o atleta do
Santos.
O clube gaúcho foi denunciado pelo artigo 243-G do Código Brasileiro
de Justiça Desportiva. O Grêmio ainda recebeu multa de R$ 4 mil pelo
arremesso de um rolo de papel higiênico no gramado e pelo atraso para
entrar em campo. Ainda pode haver recurso no Pleno.
O árbitro Wilton Pereira de Sampaio, que não relatou inicialmente na
súmula as ofensas ao goleiro Aranha, foi punido com 90 dias de
suspensão. Os auxiliares Kléber Lúcio Gil e Carlos Berkenbrock e o
quarto árbitro Roger Goulart levaram 60 dias de suspensão.
No jogo entre Grêmio e Santos em Porto Alegre, vencido pelo time
paulista por 2 a 0, a partida foi paralisada aos 42 minutos do segundo
tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro por estar ouvindo injúrias
raciais por parte de torcedores do clube gaúcho. Imagens de câmeras de
televisão flagraram uma torcedora, posteriormente identificada como
Patrícia Moreira, chamando Aranha de "macaco".
Os torcedores que forem identificados pelas ofensas estão proibidos de frequentar estádios por 720 dias.
No julgamento, o primeiro a depor foi o presidente do Grêmio, Fábio
Koff, que disse que as atitudes de poucos torcedores prejudicam a imagem
do clube.
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- Este julgamento atinge um clube com 111 anos de história, que tem
atletas de cor nas escolinhas, nos alojamentos da base, no profissional.
O Grêmio não apóia, não subsidia ninguém, não dá ingressos para
torcidas organizadas. Talvez isso justifique a revolta desses 'bandos'.
Julgado pelos artigos 261-A e 266, assim como seus assistentes na
partida, o árbitro Wilton Pereira Sampaio também prestou depoimento e
afirmou que não interrompeu a partida pois não percebeu as ofensas ao
goleiro.
- Quando me dirigi ao atleta, disse a ele que ficasse tranquilo, que
não tivesse nenhuma conduta agressiva em relação à torcida. Disse ao
capitão Edu Dracena que se fosse percebido algo em relação a isso a
partida seria suspensa. Após o jogo não foi me passado nada. Ao chegar
no hotel , vi a reprise do jogo e as notícias na Internet. Fiquei assustado e resolvi fazer o adendo à súmula.
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