O governo Dilma enfrenta os piores índices de popularidade desde o
início do primeiro mandato da presidente, em janeiro de 2011, segundo a
última pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado (7). De acordo com o
levantamento, 44% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo –
eram 24% em dezembro. Com o índice atual, Dilma Roussef se aproxima
muito da pior avaliação do governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Em 1999, FHC enfrentou 46% de ruim/péssimo, também segundo o
Datafolha.
Se os índices de reprovação aumentaram, os dados sobre a aprovação do
governo da presidente Dilma apresentaram comportamento inverso: apenas
23% dos entrevistados consideraram o governo ótimo/bom. Em dezembro, 42%
dos entrevistados faziam tal avaliação.
Os resultados vêm em meio à combinação do escândalo de corrupção na Petrobras e da piora da economia brasileira.
Segundo o Datafolha, 77% dos entrevistados acreditam que Dilma tinha
conhecimento da corrupção na Petrobras: 52% afirmam que ela sabia e
deixou que os desmandos ocorressem; 25% consideraram que Dilma sabia,
mas nada podia fazer; 14% afirmaram que ela não sabia.
De cada dez entrevistados, seis consideram que a presidente mentiu
durante a campanha eleitoral. Para 46%, ela falou mais mentiras que
verdades, desses, 25% se dizem petistas. E, para 14%, Dilma só disse
mentiras.
Ainda de acordo com o levantamento do Datafolha, a presidente obteve a primeira nota vermelha (4,8) após quatro anos no governo.
Herança
Partidos de oposição defendem a tese de que a crise econômica, o
escândalo de corrupção da Petrobras e o enfraquecimento do governo no
Congresso deixaram para a presidente Dilma Rousseff uma “herança
maldita” para ela mesma neste segundo mandato. Já alguns petistas
relativizam, mas concordam com seus oponentes que “erros acumulados ao
longo do tempo” geraram a mais grave crise dos governos do PT.
Eles lembram que em nenhum momento no primeiro mandato de Dilma
Rousseff a inflação ficou no centro da meta e, agora, pelos índices
oficiais, está acima do teto. O presidente do DEM, senador José Agripino
(RN), por exemplo, sustenta que tal cenário decorre da redução na taxa
de juros ordenada pela presidente num momento em que a inflação subia.
E, quando deu ordem em contrário, não foi mais possível controlar a taxa
de inflação.
Na lista de problemas levantados estão incluídos ainda o recuo na
faxina iniciada em 2011, o frustrado anúncio de redução no preço das
tarifas de energia elétrica em 2013, feito em cadeia nacional de rádio e
TV, e a edição de uma Medida Provisória que reduz o benefício
previdenciário herdado pelo cônjuge e endurece as regras do
seguro-desemprego. Durante a campanha eleitoral, Dilma afirmou que não
mexeria em direitos sociais “nem que a vaca tussa”. O ministro da
Comunicação do governo, Thomas Traumann, informou que a presidente não
faria comentários sobre “a herança maldita”.
Na avaliação dos políticos consultados pela reportagem, ocorreu o
contrário do que Dilma prometeu fazer: crise econômica e política,
vários dos faxinados voltaram ao governo, as tarifas de energia elétrica
devem subir cerca de 40% neste ano e a crise da Petrobras é cada vez
mais grave.
“Nunca antes na história deste País um presidente deixou para si
mesmo uma herança maldita do primeiro para o segundo mandato como
aconteceu com Dilma”, teoriza Agripino.
Segundo ele, a presidente acertou ao escolher para a Fazenda o
funcionário do Bradesco Joaquim Levy. Mas não sabe se ele se sustentará.
“Se o petismo for maior do que a sensatez. O Brasil caminhará para o
caos econômico e político.”
O senador petista Walter Pinheiro (BA) diz que o governo só recupera a
força se mudar sua agenda. Ele aposta em prioridade à saúde, à
educação, bem como na “transformação da segurança pública numa tarefa
nacional”, no fortalecimento das ações do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior “para aumentar as exportações para o
País” e na reforma política
Ex-líder do PSDB, o deputado Antonio Imbassahy (BA) acredita que hoje
não há uma fórmula “para melhorar a situação da presidente”: “Ela mesma
construiu as dificuldades nas relações com o Congresso. Ela faz um
governo de marketing, fora da realidade. Isso não funciona com os
deputados e senadores.”
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