foto agência o globo A Polícia Federal cumpre na manhã desta quarta-feira mandados de prisão preventiva contra os ex-governadores do Ri...
foto agência o globo
A
Polícia Federal cumpre na manhã desta quarta-feira mandados de prisão
preventiva contra os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha
Garotinho, ambos do PR. Eles são acusados, ao lado de outras seis pessoas, de
integrarem uma organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita
com empresários com o objetivo de financiar as próprias campanhas eleitorais e
a de aliados, inclusive mediante extorsão. Rosinha foi presa em Campos e
Garotinho, no Flamengo, na zona sul do Rio. O ex-governador já deixou a PF, no
Rio. Ele foi para o IML e em seguida para a Cadeia de Benfica, onde estão
Sérgio Cabral e os deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi,
todos do PMDB.
O
ex-secretário de governo de Rosinha também é um dos alvos da operação. Há ainda
um mandado de prisão contra o ex-ministro dos Transportes Antônio Carlos
Rodrigues, presidente nacional do PR. A investigação aponta que ele intermediou
o repasse ilícito à campanha do ex-governador em 2014.
Os
mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Glaucenir de Oliveira, titular da
98ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. O atual
secretário de governo, Fábio Bastos, não é citado na investigação e nem é alvo
da operação.
Uma
das pontas do esquema foi revelada pelo delator Ricardo Saud, diretor de
Relações Institucionais da JBS, que contou, em depoimento na Superintendência
da PF no Rio no dia 24 de agosto, que repassou R$ 2,6 milhões, via caixa dois,
à campanha de Garotinho ao governo do estado em 2014.
O
dinheiro da JBS, segundo Saud, fazia parte de um montante de R$ 20 milhões
usados pela empresa para comprar o apoio do PR ao PT na eleição de 2014. Os
recursos representavam uma "poupança" referente a benefícios
irregulares conquistados pela empresa, como linhas de crédito no BNDES.
Garotinho
e Rosinha são acusados ainda de corrupção passiva, extorsão, lavagem de
dinheiro e pelo crime eleitoral de omitir doações nas prestações de contas.
No
pedido de prisão preventiva, o Ministério Público Eleitoral argumenta que a
organização criminosa ainda está em atividade, tentando intimidar testemunhas e
obstruir as investigações.
O
esquema, segundo o MP, funcionou nas eleições de 2010, 2012, 2014 e 2016. A
conexão com a JBS foi revelada por Saud e por outro delator, o empresário André
Luiz da Silva Rodrigues. Ele é sócio da Ocean Link, empresa que assinou um
contrato de fechada com a JBS, mecanismo encontrado pelo grupo para que o
dinheiro chegasse à campanha de Garotinho. Rodrigues, dono de outra empresa que
mantinha contratos com a Prefeitura de Campos, então comandada por Rosinha,
narrou que foi avisado do depósito pelo policial civil aposentado Antônio
Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho - ele é apontado como um dos
operadores financeiros de Garotinho.
Toninho
teria ido à casa do empresário e, armado com duas pistolas, pedido a ele que
sacasse os R$ 2,6 milhões em espécie no banco. Como o valor era alto, Rodrigues
sacou os recursos em mais de um dia, cerca de R$ 500 mil por vez - em uma das
idas ao banco, disse que foi seguido por Toninho. Durante a investigação,
Renato Barros Damiano, funcionário do banco que presenciou alguns dos saques,
disse à PF que foi procurado pelo policial com o objetivo de saber se ele tinha
contado algo aos investigadores e se tinha informação sobre uma possível
colaboração de Rodrigues com as investigações. Para o MP, é outra prova de que
Garotinho e seu grupo tentavam obstruir a Justiça.
O
empresário também contou na delação que colaborou, via caixa dois, com as
campanhas de Garotinho a deputado federal, em 2010; de Rosinha à reeleição na
prefeitura de Campos, em 2012; e com candidatos a vereadores aliados em 2016.
No ano passado, Rodrigues afirma que foi procurado pelo ex-subsecretário de
Governo Thiago Godoy com o pedido de doação de R$ 900 mil. A contrapartida
seria a liberação de recursos que o município devia ao empresário. Rodrigues
repassou R$ 600 mil, em espécie, e teve R$ 2,3 milhões pagos pela prefeitura,
em dívidas referentes a serviços já executados.
Garotinho,
em nota, afirmou que a operação ocorrida nesta manhã é "mais um capítulo
da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral
na Assembleia Legislativa". O ex-governador diz ainda que "nem ele
nem nenhum dos acusados cometeu crime algum". Garotinho destacou também
que a operação não tem "relação alguma com a Lava-Jato".
Mais
cedo, a assessoria de Rosinha informou que "só se pronunciará quando tiver
acesso aos documentos que embasaram os mandados de prisão, o que ainda não
aconteceu".
Fonte: Marco Grillo/O Globo
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