Robinson Faria é alvo de uma inquérito do Ministério Público do RN (Foto: Thyago Macedo/G1)
O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Eudo Leite, abriu
um inquérito civil contra o governador do estado, Robinson Faria (PSD). A
suspeita é de que o governador tenha cometido improbidade administrativa, que
significa prática de atos ilegais ou contrários aos princípios básicos da
administração pública. A portaria que determina a instauração da investigação
foi publicada no Diário Oficial do Estado deste sábado (27).
Robinson terá um prazo de 10 dias para apresentar
uma manifestação, por escrito, a respeito dos fatos que levaram o a PGJ a
instaurar a investigação. De acordo com a publicação, o governador teria
cometido atos ilegais na prestação de contas públicas. Também foram apontados
como razões, a elevada participação da folha de pessoal nos gastos do governo e
o aumento dos restos a pagar entre 2016 e 2017.
O G1 tentou
entrar em contato com a assessoria de imprensa do governo do estado no início
da manhã deste sábado (27), mas até a publicação desta reportagem, não teve as
ligações atendidas.
Segundo a publicação no Diário Oficial, o PGJ
tomou a decisão de investigar o governador após receber notificação do acórdão
do Tribunal de Contas do Estado que reprovou as contas do governo em 2016. Além
disso, Eudo Leite afirmou que o Poder Executivo utilizou fontes de recursos que
não tiveram existência comprovada. É o caso de uma suplementação por excesso de
arrecadação no valor de R$ 131,5 milhões. "Os decretos que abriram tais
suplementações informavam fonte 100 como a origem dos recursos e, no entanto,
no exercício em análise, não houve excesso de arrecadação nessa fonte",
constatou o procurador.
Ainda de acordo com o procurador, a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico também fez pagamentos de RS 67,8 milhões por meio de ofícios,
sem autorização no orçamento estadual, no Proadi - Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Industrial.
Restos a pagar
Segundo o Ministério Público,
os poderes e órgãos do estado começaram o ano de 2016 com dívidas inscritas nos
"restos a pagar" que somavam R$ 561,9 milhões. Pelo menos 92% desse
total eram do Poder Executivo, comandado pelo governador. Os restos a pagar são
aqueles gastos que o Estado teve dentro do orçamento de um ano, mas que ficaram
pendentes para pagamento no ano seguinte.
Ao final de 2016, somando os restos a pagar de
2016 com os de 2017, as dívidas já ultrapassavam R$ 1 bilhão.
"Esse crescimento substancial do volume de
Restos a Pagar que passa de um exercício para o outro representa um risco a
programação financeira do Estado, com impactos potenciais negativos sobre o
planejamento e a execução das políticas públicas, vez que embora não demande
nova dotação orçamentária, caso não haja a devida disponibilidade de caixa
decorrente do exercício anterior para arcar com esses pagamentos, o pagamento
dos restos a pagar será feito com recursos financeiros dos exercícios
posteriores, os quais devem ser destinados as despesas do respectivo orçamento
em curso", considerou Eudo Leite.
Enriquecimento ilegal do Estado
O procurador ainda ressaltou
que o Estado cancelou pagamento de R$ 5.667.880,l5 de 'restos a pagar', o que,
de acordo com ele, caracteriza enriquecimento ilícito do Estado, já que os
prestadores de serviço cumpriram o que estava previsto em contrato, mas não
receberam por isso.
Eudo Leite também lembra que os valores dos bens
(ativos) que o Estado está vendendo não vão para uma conta específica, o que
impede o uso do recursos dentro do exercício financeiro.
Despesa com pessoal
Ainda de acordo com o PGJ, ao
fim de 2016 o governo teve despesa com pessoal no valor de R$ 4.360.3l9.823,08
- que representaram 53,39% da Receita Corrente Líquida e ultrapassaram em 4,39%
o limite legal determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
O total da despesa com pessoal do Estado ao final de 2016 representou
62,77% da Receita Corrente Líquida, o que também extrapolou o limite global de
60% determinado pela lei. "Situação esta de descumprimento que, além das
implicações legais, representa perda da capacidade de manutenção das outras
despesas de custeio e perda da capacidade de investimento do Estado",
ponderou.
Por fim, o procurador ainda considerou que na
Administração Indireta do estado não há equilíbrio entre o nível de receitas e
despesas para a maioria dos órgãos, o que gera "um imenso esforço fiscal
do Governo do Estado no aporte de recursos para cobrir tais déficits".
Fonte:g1rn
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