Ex-ministro Henrique Alves (PMDB) chega à 14ª Vara da Justiça Federal para acompanhar depoimento de testemunhas da Operação Manus (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Justiça Federal do Rio Grande do Norte converteu em prisão domiciliar a
prisão preventiva do ex-ministro Henrique Eduardo Alves, dentro da Operação
Manus, que apura desvio de recursos na construção da Arena das Dunas, em Natal.
Apesar disso, Alves continua detido por também ter mandado contra ele em outro
processo.
Na mesma decisão, o juiz Eduardo Guimarães Farias
manteve a prisão do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que também
é réu no caso.
Nesta terça-feira (6), Henrique Alves completou
oito meses detido na Academia da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. De
acordo com a defesa do ex-ministro, um pedido de habeas corpus feito à Justiça
em outro caso ao qual ele responde, deve ser julgado na próxima quinta-feira
(8). Somente se esse pedido também for aceito, ele poderá ir para casa.
A outra ação é a Sépsis,
que investiga suposto esquema de propinas envolvendo financiamentos do Fundo de
Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa. Ela é um
desdobramento da Lava Jato.
O novo pedido de conversão da prisão em domiciliar
foi feito nesta terça-feira (6), no
fim da audiência para o depoimento de testemunhas de acusação na Operação Manus.
Ao negar o mesmo pedido em outra audiência, o magistrado tinha afirmado que
poderia rever a decisão, caso todas as testemunhas de acusação negassem a
participação do ex-presidente.
Como até agora essas testemunhas não apontaram
participação do ex-deputado no caso, a defesa insistiu no pedido.
"Todas as 22 testemunhas de acusação
inocentaram Henrique Alves, não fazendo sentido que ele permanecesse preso nas
condições em que estava. É preciso que a imprensa livre acompanhe todos os atos
deste processo e divulguem para a população brasileira o que está acontecendo,
para que se reflita sobre os danos que o punitivismo exarcebado tem causado em
parte da justiça brasileira e o risco de que isso venha a atingir o cidadão
comum", declarou a defesa de Henrique, por meio de nota.
Réus
Além de Henrique Eduardo
Alves, são réus o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, o
ex-secretário de obras de Natal, Fred Queiroz, o publicitário Arturo Arruda
Câmara e os delatores Léo Pinheiro e Fernando Ayres da Cunha, da OAS e da
Odebrecht, respectivamente. Fora os delatores, os demais réus negam
participação em crimes.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, os
ex-deputados do PMDB cometeram crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e
organização criminosa. Houve suposta troca de favores entre políticos e empresários
de construtoras investigadas pela Operação Lava Jato. Com a influência que
tinham, os parlamentares teriam facilitado a liberação de recursos de bancos
públicos sem os devidos trâmites.
Teria sido assim que a OAS, construtora da Arena
das Dunas, teria conseguido empréstimo junto ao BNDES mesmo sem apresentar
documentos necessários. Após a obra, o Tribunal de Contas do Estado apontou
sobrepreço de R$ 77 milhões na construção. Segundo os investigadores, parte do
sobrepreço virou propina e passou pela conta do então candidato à
vice-presidência pelo PMDB, Michel Temer, chegando depois à conta da campanha
de Henrique Alves. Foram pelo menos R$ 500 mil. Também houve caixa dois, de
acordo com o MPF.
fonte:g1rn
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