Um prédio de
mais de 20 andares desabou após pegar fogo nas proximidades do Largo do
Paissandu, centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, dia 1º de maio.
Pelo menos uma pessoa morreu e ainda há desaparecidos. O edifício, que já foi
sede da Polícia Federal e pertence à União, estava ocupado por cerca de 150
famílias de um movimento de moradia, conforme informações iniciais."Pode
haver mais vítimas", disse Max Mena, coronel do Corpo de Bombeiros.
A única
morte confirmada até o momento é de um homem que estava sendo resgatado no
momento em que o prédio desabou. Foram 13 segundos para que o prédio fosse ao
chão. Nas imagens de TV, é possível ver que um bombeiro no teto de um prédio ao
lado já estava posicionado para puxá-lo pela corda em que estava pendurado,
quando a queda começou. "Nós estávamos tentando salvá-lo, mas infelizmente
ele caiu no momento do desabamento. Foi uma tentativa rápida, por uma questão
de segundos que não conseguimos", acrescentou Mena. O prédio está situado
na rua Antônio de Godoy, no largo do Paissandu.
As chamas
começaram durante a madrugada e o fogo se espalhou rapidamente pelos andares,
gerando cenas impressionantes, com imensas labaredas subindo. "Quando o
prédio desmoronou, parecia um tsumami", disse ao jornal Folha de São Paulo
uma mulher de 58 anos que morava no prédio. Alguns edifícios do entorno foram
esvaziados e a Defesa Civil avalia possíveis danos. Cerca de 160 agentes do Corpo
de Bombeiro permanecem na região, que está isolada, para a busca por possíveis
vítimas. As imagens de televisão mostram os escombros depois de desmoronar.
A queda
atingiu também o entorno, como a Igreja Luterana Marthin Luther, vizinha ao
edifício. O imóvel, do início do século XX, perdeu parte da sua estrutura. Em
entrevista à Rede Globo, o pastor da igreja luterana, Frederico Carlos, afirmou
que o desabamento desta madrugada era uma “tragédia anunciada”, devido às más
condições do local, onde moravam centenas de famílias. “Sempre se falou do
risco que esse prédio corria, e precisou acontecer uma desgraça”, disse ele,
que mantinha uma convivência com os moradores, acolhidos pela Igreja. “Volta e
meia conversava com eles, entrava no prédio e via, era uma tragédia que sabia
que uma hora ia acontecer”, contou ele. Desde fiações expostas, esgoto aberto
dava a sensação de vulnerabilidade do local. O pastor mostrou-se inconformado
pelo fato de as autoridades nunca terem tomado uma atitude firme para evitar a
degradação do edifício, embora tenham sido avisadas diversas vezes. “A gente
entrava em contato e diziam 'não é com a gente, é com esse', e ninguém faz nada.
Como sempre agora vão fazer um bonito inquérito e, como sempre, não vai dar em
nada”, reclamou.
O edifício
havia sido ocupado com apoio do Movimento Nacional de Luta por Moradia. Segundo
o prefeito Bruno Covas, uma das dificuldades para remover as famílias dali era
o fato dele ser de propriedade da União, o que dificultaria o trabalho da
prefeitura para retirar dali as famílias. “Há 70 edifícios em São Paulo nessa
situação, e outras 200 áreas ocupadas”, explicou ele. Só nos edifícios,
estariam 4.000 famílias carentes que apelam para esta solução em busca de
moradia. Ainda segundo Covas, já teria havido seis reuniões com as famílias
daquele edifício para negociar sua retirada.
Fonte: El País/Brasil
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