Na última terça-feira (30)de abril a multinacional
americana anunciou o fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo, em acordo
com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (dirigido pela CUT), encerrando o
segmento da fabricação de caminhões na América do Sul.
Enquanto o
presidente afirma que “ser patrão é horrível no Brasil” e
que os direitos trabalhistas “tem que se
aproximar da informalidade”, as grandes empresas sentem-se
encorajadas para agirem como querem no país, pisoteando os empregos e os
direitos do trabalhador.
Por
determinação da sua matriz norte-americana, a fábrica será fechada por
“questões de lucratividade” da Ford, sem encontrar possíveis compradores até o
momento. Esse fechamento de fábrica pode significar até 3 mil demissões diretas
e 24 mil indiretas, como parte da cadeia produtiva envolvida com a gigante
montadora.
O
sindicato dirigido pela CUT aceitou o acordo, seguindo a linha conciliadora e
derrotista que vem tendo desde o primeiro anúncio da patronal, em fevereiro,
quando a direção sindical, em assembleia,
mandou “todo mundo pra casa” para esperarem o desfecho das
negociações e trâmites judiciais, em vez de organizar a luta pela permanência
da fábrica e dos postos de trabalho.
Isso
acontece enquanto as centrais sindicais negociam com Rodrigo Maia os nossos
direitos, como a aprovação da reforma da previdência, em troca da retirada de
ataques do governo Bolsonaro ao financiamento dos sindicatos, mostrando que a
própria sobrevivência é prioridade da burocracia sindical.
A direção
sindical do Sindicato no ABC recebeu até um elogio de um dos comandantes da
empresa estadunidense. Em nota, Lyle Watters, presidente da Ford América do
Sul, disse que “considero esse processo negocial como exemplar e manteremos de
forma contínua o diálogo aberto com todos os envolvidos. Um “processo negocial”
exemplar para os capitalistas, quando os trabalhadores pagam pela crise com
suas vidas sem disporem um instrumento de luta para organizar a resistência.
O freio do
sindicato foi determinante desde o início para dificultar e mesmo impedir a
resistência operária, cumprindo um papel de simples mediador entre os
interesses privados dos capitalistas e a possibilidade de algumas concessões no
processo de demissões dos trabalhadores, que agora serão novos desempregados em
um país com postos de trabalho mais precarizados e com mais dificuldade de
absorção pela indústria, devido a alta taxa de desemprego que assola o país,
com uma população desempregada que já soma mais de 13 milhões em 2019, no atual
governo Bolsonaro.
O governo
Bolsonaro e sua vasta agenda de privatizações e ajustes fiscais, com medidas
ultra neoliberais e política de aliança com o imperialismo, abrirá ainda mais
espaço para demissões em massa como essa. Enquanto por outro lado garantirá a
aplicação total da reforma trabalhista nos locais de trabalho, jogando para os
trabalhadores a conta da crise capitalista e mantendo os lucros bilionários de
grandes empresas como a Ford.
Nesse 1º
de Maio, o primeiro sob o governo Bolsonaro, estaremos em luta contra os
ataques deste governo que não se preocupa com o desemprego e quer nos fazer
trabalhar até morrer e sem direitos. Exigimos que as centrais sindicais como a
CUT organizem pela base o dia de greve geral já convocado (14/06), e que façam
do dia nacional de paralisação na educação (15/05) um dia nacional de luta em
todas categorias, organizado a partir de assembleias nos locais de trabalho,
unificando as lutas para responder também a cada ataque como este que os
operários da Ford estão sofrendo, em defesa dos postos de trabalho e de todos
nossos direitos trabalhistas.
Lutamos
para barrar a reforma da previdência que quer nos fazer trabalhar até morrer;
pela revogação da reforma trabalhista, da terceirização irrestrita e de todos
contratos informais. Contra o governo Bolsonaro e seus aliados no judiciário
autoritário e entre os militares golpistas, que querem o Brasil cada vez mais
submisso a Trump e ao imperialismo internacional, lutamos para que os
capitalistas paguem por essa crise.
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