Tenente-coronel André Luis Fernandes, da PM do Rio Grande do Norte, foi candidato a deputado no estado — Foto: Reprodução/Redes sociais
O tenente-coronel
da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, André Luís Fernandes da Fonseca, preso na manhã desta terça-feira (14)
pela Operação Níquel da Polícia Federal foi apontado como
líder de uma organização criminosa responsável pelo contrabando de cigarros e
outras mercadorias. As informações são da Justiça Federal, que expediu mandado
de prisão contra ele e outras pessoas.
O juiz federal Walter Nunes da Silva
Júnior, titular da 2ª Vara Federal, decretou a prisão de seis pessoas. Além
disso, foram determinadas buscas e apreensões e o bloqueio de valores somando
R$ 16.185.368,00.
Segundo o magistrado, o coronel
Fernandes, como o oficial é conhecido, exercia função de liderança na
organização. De acordo com a decisão, a suspeita é de que o grupo contaria
inclusive com ajuda de dentro da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
“O Tenente-Coronel da Polícia
Militar André Luis Fernandes da Fonseca exerce função de liderança na
organização investigada, possuindo domínio sobre as atividades operacionais e
financeiras, bem como desempenha comando sobre os demais integrantes do grupo.
Ademais, foram trazidos à investigação dados de que André Luis Fernandes
comanda ações para a garantia da continuidade das operações do grupo, como
blindagem de eventuais intervenções policiais, havendo suspeitas, inclusive, de
que ele conta com a ajuda de integrante da Polícia Rodoviária Federal lotado
neste Estado para viabilizar o escoamento do produto, tamanha a facilidade no
transporte das mercadorias”, afirmou na decisão.
Na manhã desta terça-feira (14), a Polícia Militar informou
que abriu investigação interna sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato
com o tenente-coronel Fernandes ou sua defesa.
A decisão trouxe
ainda medidas cautelares para três pessoas, que deverão comparecer mensalmente
à Secretaria da 2ª Vara.
A Justiça Federal determinou que um
ofício seja enviado para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação
Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, solicitando auxílio direto do
Paraguai para realizar busca e apreensão no endereço de propriedade de um dos
investigados em Ciudad del Leste.
Como funcionava o esquema
Na decisão, o juiz
federal afirmou que os dados colhidos indicam que os cigarros de origem
estrangeira ingressam no território brasileiro através da costa marítima do Rio
Grande do Norte, especificamente na região do município de Macau, na Costa
Branca potiguar, através de embarcações.
Depois de aportados, os produtos
seguiam em veículos - geralmente caminhões, - e eram armazenados em galpões
localizados em diversos pontos na região metropolitana de Natal.
Ainda de acordo com as informações
no processo, o transporte é realizado por integrantes do grupo, geralmente armados,
contando ainda com informações privilegiadas sobre possíveis abordagens
policiais.
Perfil
O tenente-coronel
Fernandes atuava como subcomandante do Comando de Policiamento do Interior
desde 2008. Ele já foi candidato a deputado em duas ocasiões, chegando à
condição de suplente, e também a vice-prefeito de Macau, onde já trabalhou como
comandante do policiamento regional.
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