José “Zequinha” Borges Segundo
O Ministério
Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra um ex-prefeito de São José de
Campestre, José “Zequinha” Borges Segundo, por desviar recursos da merenda
escolar através da contratação irregular de uma empresa, em um prejuízo de R$
181 mil aos cofres públicos. Além dele, foram denunciados o então
controlador-geral do Município José Cláudio da Silva (genro de Zequinha) e o
empresário Miguel Teixeira de Oliveira, sócio da KM Distribuidora de Alimentos
Ltda.
Eles deverão responder por dispensa indevida
de licitação, corrupção passiva (o ex-prefeito e o genro), corrupção ativa (o
empresário) e poderão ter de reparar os R$ 181 mil desviados. Essa foi a
quantia paga à empresa entre janeiro de 2011 e setembro de 2012 pela
Prefeitura, verba proveniente do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE).
Miguel Teixeira
chegou a fazer depósitos nas contas do ex-prefeito e do ex-controlador, que
também repassou valores ao sogro. Eles montaram processos licitatórios que
nunca ocorreram de fato e, enquanto em 2011 os repasses à empresa foram feitos
a partir de uma minuta de contrato assinada em branco (não possuía número,
dados da contratada, valor, objeto ou vigência), em 2012 sequer contrato
existia.
Irregularidades – As
suspeitas surgiram a partir de um relatório da Controladoria-Geral da União
(CGU), no qual foi constatado “um acervo de ilicitudes na execução de diversos
programas federais, que são objeto de múltiplas ações penais e de improbidade
administrativa em curso”. Uma das irregularidades dizia respeito ao dinheiro da
merenda escolar.
Por um lado, os representantes da CGU
visitaram diversas escolas do município em outubro de 2012 e constataram que
75% dos alunos estavam sem merenda, o que ocasionava suspensão das aulas, ou
redução da carga horária. De outro, verificou-se que um suposto pregão
realizado em 2010 – base para os repasses à empresa em 2011 – e que uma adesão
à ata de outro município em 2012 foram forjados, para esconder a contratação
direta da KM.
“Licitações” – Do pregão
supostamente realizado em abril de 2010, apenas a KM participou. Não houve
pesquisa de preços e o processo se baseou nos valores oferecidos pela própria
empresa. Vários documentos foram assinados por um pregoeiro que só veio a ser
designado para a função em 2011 e a documentação inclui até mesmo alguns papéis
referentes a um processo realizado em outro município, bem como informações de
diversos produtos que não estavam previstos no edital.
A homologação de alguns itens dessa
licitação ocorreu menos de 10 segundos após a etapa anterior, a adjudicação,
mesmo prevendo a necessidade de diversos trâmites e pareceres. Além disso, não
há qualquer documento de habilitação da empresa KM no processo.
Em 2012, o novo procedimento apresenta
ainda mais irregularidades. A suposta adesão a uma ata de registro de outra
prefeitura, Nova Cruz, foi feita sem qualquer justificativa, não havendo
novamente qualquer pesquisa de preços. Os documentos não foram numerados e o
ofício solicitando a adesão à ata teria sido emitido em 29 de fevereiro daquele
ano, véspera do início do ano letivo.
Na ata de Nova Cruz havia outras empresas
que venceram alguns dos itens licitados, porém a Prefeitura de São José de
Campestre solicitou resposta apenas da KM, “o que demonstra que o interesse
estava direcionado à empresa”.
Propina – José
Cláudio, na condição de controlador-geral do município, atestou a suposta
regularidade dos procedimentos. E foi para a conta dele que Miguel Teixeira
realizou seis transferências (somando mais de R$ 4 mil), entre junho de 2010 e junho
de 2011. Entre abril de 2010 e junho de 2012, o controlador fez 12
transferências para as contas do sogro, totalizando mais de R$ 11 mil.
Miguel Teixeira, contudo, chegou mesmo a
fazer um depósito diretamente na conta do então prefeito, no valor de R$ 1.500,
apenas seis dias após a Prefeitura ter pago uma das parcelas da empresa, em
outubro de 2011. Durante a investigação, nem Zequinha Borges nem José Cláudio
souberam explicar o dinheiro recebido do sócio da KM.
A denúncia irá tramitar na Justiça Federal
sob o número 0803730-29.2020.4.05.8400.
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99433-5589. Acesse Email: xuadoagreste@hotmail.com
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