Ray
Evangelista do Nascimento Otávio tinha 26 anos de idade — Foto: Divulgação
A Polícia
Civil investiga a morte de um rapaz de 26 anos que foi levado por policiais
militares após uma ocorrência na Vila de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal. O
motivo da investigação é porque o rapaz teve o óbito confirmado
com sinais de espancamento, e a família e amigos alegam que ele
entrou na viatura sem qualquer marca de agressão.
A vítima foi Ray
Evangelista do Nascimento Otávio, que trabalhava como garçom de uma lanchonete.
O caso aconteceu na segunda-feira (14), quando o rapaz, segundo a família, fez
uso de drogas e teve um surto psicótico, pulando muros de casas e assustando
moradores, que chamaram a polícia. O jovem morreu na terça (15), na UPA de
Cidade Satélite, onde estava internado.
No inquérito
instaurado pela Polícia Civil, é citado que a vítima alegou que "foi agredida com socos e pontapés após ser confundido com
ladrão por policiais em serviço".
Em nota, a Polícia
Civil disse que a ocorrência foi tratada inicialmente como "lesão corporal seguida de morte" e
encaminhada à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que realizou
diligências iniciais para apurar o caso.
Até o momento, cita
a PC, "a autoria do crime não está definida e a investigação transcorre
sob sigilo, o qual abrange possíveis linhas de investigação".
A Polícia Civil
solicitou exames cadavérico e toxicológico para a investigação. No laudo inicial, o Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep)
entendeu a causa da morte como por "agressão física".
Sobre as acusações
de que as agressões teriam partido dos policiais, a assessoria de comunicação
da PM informou que "até o presente momento , não chegou nada
oficialmente" sobre o tema. Por isso, a PM disse que não vai se pronunciar
sobre o assunto.
Exames
apontam politraumatismo
Ray foi levado pelos
policiais militares para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade
Satélite na segunda. No boletim de atendimento de urgência, o registro aponta
que ele foi levado à unidade "após ser espancado por populares no bairro
de Ponta Negra".
O jovem precisou ser
encaminhado ao Hospital Walfredo Gurgel para realizar uma série de exames. Ele
retornou à UPA, onde morreu na manhã de terça-feira (15).
Na guia de
encaminhamento de cadáver, o médico da UPA citou que Ray deu entrada com
"Glasgow 3", que é uma escala utilizada por profissionais de saúde
para classificar o coma - o nível 3 é o mínimo numa escala que vai até o 15, e
significa que a pessoa não abre os olhos, nem fala, nem se mexe ou reage a
estímulos.
O médico da UPA
ainda escreveu no documento o "provável uso de
cocaína no dia do ocorrido, evoluindo com quadro psicótico" e
que "há relatos de agressões por populares".
A causa da morte no
mesmo documento aponta: politraumatismo, rebaixamento do nível de consciência,
hemorragia digestiva alta e choque hipovolêmico.
Família
e amigos protestam
Amigos, vizinhos e
familiares fizeram um protesto na quarta-feira (16) à tarde na Vila de Ponta
Negra, em frente à igreja evangélica onde aconteceu o velório, pedindo justiça
pela morte do rapaz.
Família
e amigos protestaram contra a morte de Ray na Vila de Ponta Negra, em Natal RN
— Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
A família do
jovem diz que ele tinha problemas com drogas, mas afirma que quando ele foi
levado na viatura, não apresentava nenhuma marca de agressão
física.
"Ele
entrou na viatura são, sem nenhum problema, só com esse problema da droga. Ele
estava intacto. Eles levarem meu filho pra UPA e pararam em algum canto. O
horário não bate. Eu trabalho como motorista, eu sei qual o tempo que leva
daqui pra UPA, não leva 20 minutos, e eles levaram 1h10", disse
Evangelista Otávio, pai da vítima.
A ocorrência
A PM foi
chamada para atender uma ocorrência na segunda-feira (14) de um suposto
criminoso que estava pulando muros de residências.
Segundo a família, Ray teve um surto psicótico após o consumo excessivo de entorpecentes e acreditava que estava sendo perseguido por um carro. Assim, foi comprar água num mercadinho e, assustado, correu para o telhado e pulou muros de uma conveniência e de outras residências. Ele foi flagrado por uma câmera de segurança.
Ray tinha 26 anos de idade — Foto: Cedida
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