Natal é a segunda capital do Nordeste com maior
número de adultos com depressão, aponta Ministério da Saúde — Foto: G1
Um
levantamento inédito publicado pelo Ministério da Saúde neste mês coloca Natal como a segunda capital do Nordeste com o
maior número de pessoas com 18 anos ou mais que relataram um diagnóstico médico
por depressão. A capital potiguar contabiliza 11,8% de registros
nessa parcela da população, atrás somente de Recife, com 12,5%, conforme
dados tabulados pelo órgão ministerial através da Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) - ano
base 2021.
Em todo o País, em
média 11,3% dos brasileiros relatam um diagnóstico médico de depressão. É um
número bem acima da média apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para
o Brasil, de 5,3%. A pesquisa Vigitel é aplicada todos os anos, e tem como
objetivo coletar informações que dizem respeito à saúde nas capitais
brasileiras. Essa é a primeira vez que a pesquisa traz números relacionados à
depressão. Entre os sintomas da condição, estão: tristeza persistente,
desânimo, baixa autoestima, sentimento de inutilidade, alterações no apetite,
ganho ou perda de peso súbita, insônia, excesso de sono e fadiga
acentuada.
“A pandemia em si,
as questões econômicas, o aumento elevado de desemprego… Todos esses fatores
contribuem de forma significativa para o elevado número de diagnósticos na
capital potiguar”, avalia o preceptor psicólogo do Instituto Santos Dumont,
Robson Rates.
Ele destaca, ainda,
que com o teleatendimento em saúde, um número maior de pessoas conseguiu
ter acesso direto às equipes médicas. “Temos um aumento significativo desses
dados. Mas, com certeza, esses números ainda não demonstram a realidade dos
consultórios, pois estão subnotificados. O número real é, provavelmente, muito
maior”, reforça.
De acordo com o
levantamento, a frequência de adultos que referiram diagnóstico médico de
depressão variou entre 7,2% em Belém e 17,5% em Porto Alegre. No sexo
masculino, as maiores frequências foram observadas em Porto Alegre (15,7%),
Florianópolis (12,9%) e no Rio de Janeiro (11,7%), e as menores em Salvador (4,2%),
Rio Branco (4,3%) e Palmas (4,4%). Entre mulheres, o diagnóstico de depressão
foi mais frequente em Belo Horizonte (23,0%), Campo Grande (21,3%) e Curitiba
(20,9%), e menos frequente em Belém (8,0%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%).
No conjunto das 27
cidades, a frequência do diagnóstico médico de depressão foi de 11,3%, sendo
maior entre as mulheres (14,7%) do que entre os homens (7,3%). Entre os homens,
a frequência dessa condição tende a crescer com o aumento da escolaridade.
Em Natal, a depressão afeta mais mulheres com 18 anos ou
mais (14,6%) do que homens na mesma faixa etária (8,4%).
“As mulheres sofrem
mais preconceito social, a sociedade é machista, o índice de desemprego é muito
maior entre as mulheres, as grávidas são desligadas do ambiente de trabalho na
maioria dos casos. Esses fatores fazem com que as mulheres adoeçam mais”,
comenta Robson Rates. A alteração do comportamento e o consequente isolamento
são sinais primários de que alguém está desenvolvendo um quadro depressivo. “Se
alguém é introspectivo, pode demonstrar uma alegria repentina que não tinha,
por exemplo. Depois, vem a apatia, o isolamento, a desesperança. Nos casos mais
graves, leva ao suicídio. A depressão é uma doença sem cura. Apesar disso, tem
tratamento. Ele precisa ser psicológico e psiquiátrico, além de outras
intervenções como atividades físicas”, adverte o psicólogo.
Autocuidado
Conforme a
preceptora Miliana Galvão Prestes, mestre em Psicologia do ISD, a depressão
apresenta características instaladas, com histórico em adolescentes e adultos.
“A depressão se
tornou algo tão generalizado que se apresenta hoje em pessoas que conseguem
manter uma rotina de trabalho, de atividade física. Os sinais são sutis e, às
vezes, as pessoas não percebem que estão deprimidas".
"A depressão é
uma doença crônica que precisa de acompanhamento com psicólogo e psiquiatra,
além de tratamentos alternativos como mudança de estilo de vida, redução de
estresse, formas de autocuidado como atividade física, que é um ótimo “remédio”
para a depressão”, lista.
Além do autocuidado,
a psicóloga aponta que a pessoa com depressão precisa buscar outros tipos de
tratamento, como as práticas de cuidado coletivas. “São terapias integrativas,
convivência comunitária, se integrar a alguma associação. Situações que essa
pessoa tenha alguma convivência social que traga a sensação de pertencimento,
de utilidade, valorização”, destaca.
Vigitel
Conforme a
publicação, pelo menos 27 mil brasileiros responderam aos questionários por
telefone, configurando o maior inquérito de saúde do país, entre setembro de
2021 e fevereiro de 2022. Os entrevistados responderam, entre outros, ao
seguinte questionamento: “Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem
depressão?”. A Vigitel tem como objetivo monitorar a frequência e a
distribuição dos principais fatores de risco e de proteção das doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), um dos principais problemas de saúde pública no
Brasil. Estabeleceu-se um tamanho amostral mínimo de 2 mil indivíduos em cada
cidade para estimar, com nível de confiança de 95% e erro máximo de dois pontos
percentuais, a frequência de qualquer indicador na população adulta. Além dos
dados relativos à depressão, a pesquisa Vigitel aborda aspectos da obesidade,
realização de atividade física e consumo de tabaco, por exemplo.
Ranking
Percentual de
adultos com 18 anos ou mais que referiram diagnóstico médico de depressão, por
sexo, nas capitais do Nordeste.
·
Recife: 12,5%
·
Natal: 11,8%
·
Fortaleza: 11,4%
·
Maceió: 11,3%
·
João Pessoa: 11,0%
·
Aracaju: 10,9%
·
Teresina: 10,8%
·
Salvador: 8,0%
·
São Luís: 8,0%
Fonte: Vigitel 2021
Sobre
o ISD
O Instituto Santos
Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC)
e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o
Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão
do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações
integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a
transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.
fonte:g1rn
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