Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, delatou esquema do golpe - Foto: LULA MARQUES / AGÊNCIA BR...
Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, delatou esquema do golpe - Foto: LULA MARQUES / AGÊNCIA BRASIL
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo da delação do tenente-coronel Mauro Cid e notificou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os outros 33 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela trama golpista.
De acordo com o ministro, o sigilo não é mais necessário “nem para preservar os direitos assegurados ao colaborador, nem para garantir o êxito das investigações”.
O despacho de Moraes também estabelece que os denunciados terão 15 dias para apresentar as defesas. O acordo previa que Cid desse detalhes aos investigadores sobre suspeitas de crimes cometidos por ele e por pessoas em seu entorno ao longo do governo – em investigações como a da tentativa de golpe de Estado, das joias trazidas da Arábia Saudita e da suposta fraude nos cartões de vacinação, por exemplo.
Se as informações prestadas por Cid forem confirmadas pela investigação, ele pode receber benefícios como a redução da pena e o cumprimento de condenações em regime aberto, por exemplo.
Dinheiro para o golpe
Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de novembro de 2024, Mauro Cid disse que um tesoureiro do Partido Liberal (PL) se negou a dar dinheiro do partido para colocar em execução o plano “Copa 2022”, que previa “neutralizar” Moraes e o presidente Lula para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que imprimiu o documento para “entregar a um dirigente do PL, provavelmente tesoureiro ou ordenador de despesa” e que, neste arquivo, “constava valores para deslocamento aéreo, locomoção terrestre, alimentação e, provavelmente, gastos com celulares”.
“O dirigente do PL disse ao colaborador [Cid] que não poderia utilizar dinheiro do partido para esse tipo de operação”, consta na delação a Moraes.
Benefícios
Ao firmar o acordo de delação, Mauro Cid indicou quais benefícios pretendia obter com a colaboração.
Em troca das informações, Mauro Cid pediu que suas condenações pelo envolvimento nos crimes apurados sejam perdoadas, ou que a pena de prisão seja de no máximo 2 anos; que bens e valores apreendidos com o militar sejam restituídos; que os benefícios sejam estendidos ao pai, à esposa e à filha mais velha de Mauro Cid; e que a Polícia Federal garanta a segurança de Mauro Cid e familiares.
Os benefícios são concedidos ao longo do tempo, e podem ser revogados se o acordo de delação for rescindido, por exemplo.
Após denúncia da PGR, Bolsonaro diz que ‘mundo está atento ao Brasil’
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira, após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que “o mundo está atento ao que se passa no Brasil”. Bolsonaro também criticou o que chamou de “acusações vagas”.
“O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo”, escreveu o ex-presidente, em publicação em redes sociais.
Bolsonaro citou países governados por partidos de esquerda, como Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, e disse que “a cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder”.
O ex-presidente concluiu o texto dizendo que “o mundo está atento e seguiremos fazendo nossa parte para que todos se saibam o que se passa hoje no Brasil” e que “a liberdade irá triunfar mais uma vez”.
Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que recebeu a denúncia com “estarrecimento e indignação” e que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: VALTER CAMPANATO / AGÊNCIA BRASIL
“Todas as pessoas têm presunção de inocência”, afirma Lula; Rogério Marinho fala em “câmara de gás”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou comentar nesta quarta-feira a decisão da Procuradoria Geral da República de denunciar o ex-presidente, mas defendeu a presunção de inocência.
“Eu não vou comentar um processo que está na Justiça. Nesse país, no tempo em que ocorre o governo no Brasil, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência”, afirmou o presidente.
Para Lula, os acusados têm direito de se defender. “Se eles provarem que não tentaram dar golpe, e se eles provarem que não tentaram matar o presidente, o vice-presidente e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), eles ficarão livres e serão cidadãos que poderão transitar pelo Brasil inteiro. Se na hora que o juiz for julgar, chegarem à conclusão que eles são culpados, eles terão que pagar pelo erro que cometeram. É apenas um indiciamento. O processo agora vai para a Suprema Corte e eles terão todo o direito de se defenderem”, concluiu.
Já o senador Rogério Marinho (PL), líder da oposição, condenou a denúncia apresentada pela PGR.
“Primeiro, o presidente Bolsonaro não deveria estar sendo julgado no Supremo Tribunal Federal. Não está sendo dada a ele a prerrogativa de pelo menos ter duas instâncias recursais. Ele vai ser julgado como em uma câmara de gás. Não vai ser julgado sequer pelo pleno. E está sendo julgado por um juiz que declaradamente é seu inimigo, seu adversário, e que seria alvo dessa trama. Então nós achamos que é evidente que esse jogo já está jogado”, disse Marinho.
Para Marinho, o que houve em 8 de Janeiro de 2023 não foi uma tentativa de golpe de Estado.
“Nós esperamos demonstrar que isso é mais uma narrativa, que não há substância, que não há consistência, que não houve golpe. O que houve foi uma baderna”, afirmou o senador.
fonte: Agência Brasil
ANUNCIE AQUI LIGUE:
COMMENTS