O Brasil vive um momento nebuloso em sua história política. Em apenas 24 anos pós-período de redemocratização do país estamos vivenciando um processo de impeachment. Isso significa dizer que a nossa democracia é frágil. Basta a economia produzir qualquer desgaste no bolso do brasileiro, pronto, vamos as ruas pedir o impedimento de governar do governante da hora.
Foi assim com Fernando Collor. Não se iludam os que pensam que Collor sofreu o impeachment por causa de um Fiat Elba recebida de presente do seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. Não, Collor foi destituído do poder porque confiscou a poupança dos brasileiros. Aí a sociedade gritou. Teve até suicídio. E, claro, a classe política que não gostava da maneira de Collor tratar o Congresso aproveitou a situação. Talvez o mesmo erro cometido pela atual presidenta Dilma Ruosseff.
Todos sabem que Dilma não é política e muito menos afeita aos políticos. Seu temperamento, diferentemente do de Lula, alguns a consideram até soberba, dificulta o seu relacionamento com a classe. Isso não é novidade. Dilma costuma ou costumava chamar a atenção de um ministro numa reunião ministerial. Ela não fazia cerimônia. Ninguém gosta de ser chamado a atenção, ainda mais Srs com mais de 60 anos e ainda por cima na frente de colegas.
Não quero aqui justificar o golpe que estão dando na presidenta Dilma, mas que isso contribuiu, ah contribuiu. Somado a isso e aproveitando isso, a instabilidade econômica produzindo desemprego, fechamento de empresas, etc e tal, com parcela da população indo as ruas, os congressistas se apoderaram do momento para deflagrar o golpe.
Diga-se de passagem que desde o resultado das eleições, os potentados da plutocracia brasileira, representados principalmente pelos tucanos tentam um terceiro turno, já que perderam no voto no primeiro e no segundo turnos das eleições presidenciais. Daí terem arquitetado de maneira sórdida uma conspiração contra o governo democraticamente eleito com mais de 54 milhões de votos.
Pode-se citar aí como anfitriões do golpe o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e o próprio vice-presidente da República, Michel Temer, junto com o PSDB de Aécio Neves e José Serra, que arquitetam no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-Presidência da República, o governo golpista.
Contudo, aos incautos de plantão, bom que se diga que o legado dos governos petistas jamais será esquecido. Havia uma época em que casa própria no Brasil era um sonho distante. Em uma situação deplorável, muitos consideravam essa hipótese tão remota que acreditavam como única alternativa ganhar residências em sorteios na televisão. Considerado pela ONU como “exemplo para o mundo” o Minha Casa, Minha Vida já beneficiou milhões de brasileiros.
O Bolsa-Família acabou com o flagelo da seca sobretudo nos rincões do Nordeste. Hoje, quando há seca na região não se ver mais saques a mercearias do interior, bem como não se observa pedintes em semáforos nas grandes cidades, os chamados retirantes. O Bolsa-Família movimenta o comércio no interior do Nordeste.
Os direitos trabalhistas conquistados pelos (as) empregados (as) doméstico são outros avanços conquistados nos governos petistas. Expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres. Para 2017, a previsão do governo para o salário mínimo é de R$ 910,40, passando para R$ 957,80 em 2018 e para um valor acima de R$ 1000 em 2019.
O grande erro dos governos petistas, no entanto, foi ter deixado de fazer reformas importantes, como a da previdência, a tributária e a política.
Se queremos de fato mudar o Brasil precisamos pressionar o Congresso mais conservador da história deste país a aprovar as reformas que o Brasil quer e precisa. Do contrário daqui a 20 anos estaremos fadados a impedir um novo governante a ter que governar o país.
Em resumo, os governos petistas deram continuidade ao projeto de um país socialmente mais justo, mas, ao mesmo tempo, permitiu a continuidade do que há de pior na política brasileira, ou seja, a corrupção nefasta que assola todos os níveis de poder, embora, ressalte-se, hoje o Ministério Público investiga e a Polícia Federal prende. Portanto, sem uma reforma política ampla, geral e irrestrita o Brasil estará sujeito a continuar no marasmo de sempre.
Não podemos mais ficar brincando de democracia exercendo o direito à cidadania com o voto livre e depois pondo em jogo o Estado de direito, com políticos aproveitadores que são reprovados no teste das urnas e dando a cabo um golpe de Estado.
A conferir!
fonte;blog do Barbosa